terça-feira, 12 de outubro de 2010

A ONDA


"As grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentirinha." Adolf Hitler

Das reflexões de um filme às teorias da comunicação (Passando pelo projeto)
Esta semana vi para a disciplina de projetos o filme A onda. Ele tem uma receita incrível: Adolescentes sem perspectiva, um estranho experimento em sala de aula e algo que se assemelha ao nazismo. E um pequeno detalhe que deixa o filme um pouco mais assombroso: Ele é baseado em fatos reais (embora, tenha descoberto que o filme exagerou um bocadinho).

Rainer, um professor anarquista precisa dar aulas sobre os governos totalitarios, quando em plena discussão os alunos falam que algo como o nazismo nunca se repetiria na alemanha atual (o filme é alemão). Com isso na cabeça, o professor decide fazer um experimento nazi-facista em plena sala de aula. Para isto ele começa a aplicar algumas das premissas do nazismo como o amor pela disciplina e a valorização do grupo. Resultado: Os alunos (com duas exceções) acabam gostando e se tornam nazistinhas. E ainda: o que começou em uma sala foi se alastrando pela escola. Entre as proporções numéricas e atitudes do novo grupo, e o protesto das duas estudantes que não gostaram nada do que estava acontecendo a narrativa vai se construindo e desembocando para um final surpreendente.

Este filme traz preciosas reflexões. A primeira remonta a como uma certa falta de perspectivas da juventude atual pode ser encarado como um dos motivos do crescimento do neonazismo. Ora pois, se não encontramos sentido em nossa vida, encontraremos sentido para ela dentro de um grupo que é maior do que nós. A prova disto era Tim, o jovem mais excluido da turma, que acabou até mesmo tratando com as drogas no inicio do filme, mas que foi um dos que mais se identificaram com a experiência ( e o final do filme mostra muito bem isto hehehe). No interior do grupo ele passa a ser alguem que recebe atenção dos outros, e o próprio grupo passa a ser o sentido de sua vida! E sendo a o grupo esse sentido, ele faria tudo pelo grupo. Esta falta de sentido e perspectiva era a mesma que afetava a Alemanha pós primeira guerra. Vencida, humilhada, pisoteada ela era uma nação que já não via mais o sentido na própria existência, os indivíduos vitimas da fome e da crise encontraram um sentido no grupo-nação. Este foi um dos principais pontos da propaganda nazista: Valorizar o grupo.

Uma segunda reflexão tem a ver com as teorias da comunicação. Primeiramente, surgiu nos Estados Unidos o Mass Comunication Ressarch. Todas as outras teorias basicamente surgiram em sentido contrario a ela. Quando vejo porém este filme e mais especificamente estudo o que realmente aconteceu na Alemanha nazista, eu penso que o Mass Comunication Ressarch não é assim tão absurdo como falam os outros estudiosos. Ora pois, como não acreditar que os meios de comunicação possuem um grande poder (Apenas grande, mas não ilimitado como julgam as pessoas) se a alemanha nazista mostra que é realmente isto que aconteceu? Temos de um lado A ideologia nazista, do outro uma nação inteira reproduzindo esta ideologia. É claro que muitas pessoas não apoiaram o regime, tanto que no próprio filme duas meninas não concordam com o que acontece.

Uma terceira reflexão tem igualmente a ver com teorias da comunicação. Tem a ver em como a teoria critica ajuda a explicar essa experiência. Temos em Adorno e nos outros Frankfurtianos (ou estudiosos da escola de Frankfurt) uma verdadeira crítica a uma certa irracionalidade da massa, às ideologias e a uma certa industria cultural. Parece uma critica feita diretamente ao nazismo (embora não nescessariamente ao nazismo). Tal fato pode ser explicado também pelo contexto em que surgiu a escola de Frankfurt: Na época do surgimento do nazismo. Talvez é por isso que eles eram tão pessimistas (e talvez também pelo pequeno fato de serem Judeus e comunistas, uma combinação um tanto perigosa para a época e que fechou um pouco o cerco para a época).

Como os professores disseram, bem, não é a hora exata de começar a fazer análises, e bem como não sei até onde avancei neste pequeno texto, acho apropriado parar por aqui. Só uma pequena observação. Ontem eu havia ido ao cinema com alguns amigos para ver Tropa de Elite, mas os ingressos já haviam sido esgotados. Então decidimos assistir a Lenda dos guardiões, que tem essas pombas como protagonistas. Por incrível que pareça, o filme parece com uma interessante critica ao nazismo. Temos um vilão que quer dominar o mundo das aves, sob o pretexto de fazer parte de uma raça de passaros superior às outras, temos uma "ditadura" dele sobre algumas aves menores que são alienadas ao dormirem olhando para a lua. Esse discurso racista no entanto é o que dá mais relaçõe com nazismo... Vale a pena ver só para fazer estas comparações.

Agora, Se ficou curioso com o filme A onda, pode assistir o trailler Aqui. Ele pode ser facilmente encontrado nas locadoras.